Fala mal não, gente

Fale mal de mim como pessoa, invente coisas, fale a verdade mesmo da minha personalidade ou comportamentos que tive ou tenho e você não gosta. Fale mal do meu cabelo, da minha religião, do meu peso, do meu vício no jogo da fazendinha... Mas não fale mal de professor, que me dói a alma.
Um professor com nível superior e especialização, que passou por quatro etapas de concurso (prova objetiva e redação, prova didática filmada e diante de uma banca, exames médicos bancados do próprio bolso e prova de títulos), que trabalhou em loja de shopping enquanto aguardava por dois anos ser chamado, ficou três anos em estágio probatório sem poder dar um vacilo com relação a falta ou comportamento, que se apresenta atestado médico é prejudicado na distribuição de aulas, além de ter que repor o conteúdo, que às vezes vai doente mesmo trabalhar pra não deixar as 10 turmas do dia na mão, trabalha 40 horas semanais sem direito a vale refeição ou alimentação, entra em sala de aula e encontra um aluno armado com uma faca, outro que corta os pulsos por sofrer bullying, um que levanta a mão pra você e te ofende, além de passar os conteúdos e tentar fazer isso de maneira criativa e de qualidade, tem que educar 30 filhos dos outros durante 50 minutos e 30 alunos vezes 15 turmas durante a semana, lidar com alunos de inclusão sem nenhum tipo de preparo e que há pouco tempo ficou sabendo que um vendedor de carro ganha mais que o dobro no Brasil. Que pensa em desistir, mas acha que tem uma missão por trás disso tudo.
Fala mal não, gente.