
Dia desses conversava com um amigo que perdeu uma pessoa da família sobre o luto. O luto pertence somente a nós mesmos. Os outros podem até tentar dimensionar nossa dor, mas nunca conseguem.
A minha avó faleceu às vésperas do Natal. Tínhamos acabado de ir ao cartório emitir sua certidão de óbito, quando lembramos que não tínhamos uma roupa para enterrá-la. Fomos a uma loja na esperança de encontrar algo digno dela. A roupa estava escolhida e quando fui efetuar o pagamento, uma música natalina era a trilha sonora. Foi quando a atendente me perguntou se aquela roupa era pra presente. Não era, aquilo era qualquer coisa, menos um presente.
Foi quando eu pensei que se eu pudesse teria parado o Natal por causa do meu luto. "Vivenciem meu luto comigo!", eu queria gritar, "Alguém pára essa droga de música!". Mas não fiz isso, nem era possível exigir que o mundo ao redor sentisse a minha dor, porque o luto é uma dor só de quem sente. Não se transmite luto, não se divide luto... Se recebe um pouco de consolo, a vida dos outros segue e é a nossa que fica estática por alguns dias.
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