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Não seja essa pessoa

Na semana passada eu comentei com meus alunos dos sextos anos que eu estaria recolhendo um material de doação para a sala de arte do Colégio Estadual onde eu trabalho. Disse a eles que recolheria apenas dois pincéis e tinta guache. Expliquei que o material ficará na sala de arte disponível para o uso de todos e que a ideia seria cada série doar um material diferente. Outra série doará lápis de cor, outra canetinhas. Inclusive, enfatizei que quem não pudesse comprar novo, que doasse materiais usados e que quem não pudesse, não haveria problema. Expliquei que quem não doasse material, não deixaria de fazer nenhuma atividade no decorrer do ano, era apenas uma gentileza. 

Ao recolher o material essa semana, muitos fizeram a gentileza, outros esqueceram e uma aluna disse em voz alta: "PROFESSORA, EU PEDI PARA O MEU PAI E ELE DISSE QUE TINHA DINHEIRO, MAS QUE NÃO IA COMPRAR PORQUE NÃO ESTAVA NA LISTA DE MATERIAL E ELE NÃO IA DAR ISSO PRO COLÉGIO". Eu não quis insistir de que, na verdade, está na lista de material sim. Eu disse apenas: "Que pena, meu amor".

Esse ano eu estou trabalhando em dois colégios e resolvi montar uma caixinha para o uso das minhas 15 turmas. Comprei lápis de escrever, borracha, apontadores, cola, canetinha, lápis de cor, giz de cera, tesouras e réguas. Ah, comprei também essa caixinha de plástico. Comprando tudo do mais baratinho (infelizmente nada da Faber-Castell), eu gastei pouco mais de 60 reais. Porém o pai da minha aluna se recusa a investir 3 reais e 99 centavos em uma gentileza pela educação de sua filha e de outras crianças.

Não seja essa pessoa.

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