
Três semanas atrás, após dois dias paralisada em meu apartamento em Curitiba, decidi vir para o Rio antes que a solidão com a pandemia se tornasse mais difícil. Os ônibus intermunicipais já estavam suspensos e para chegar ao Rio consegui um vôo direto. Me sentindo muito culpada por estar vindo de uma cidade onde havia casos confirmados de COVID-19 e ainda passando por dois aeroportos, grande risco de contaminação. Meu irmão e minha cunhada fizeram a maravilhosa gentileza de me buscarem no Santos Dumont e me levarem de carro até Rio das Ostras, onde a minha mãe mora. Já atravessei a ponte Rio-niterói centenas de vezes, mas nesse dia ela estava diferente. O dia estava cinza, o trânsito fluía com leveza, mas eu tinha a sensação de que estava fugindo de algo e desobedecendo uma ordem. Ao mesmo tempo em que me sentia culpada por desobedecer a ordem de não sair de casa e do medo de ter pêgo o vírus, me sentia extremamente segura porque a figura do meu irmão representa LAR para mim. A ponte estava mais vazia, eu estava no lugar errado, mas era simultaneamente perfeito. Eu sou uma desobediente, infringi a lei. Não conte às autoridades, mas eu não me arrependi de ter vindo.
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